A Windows Store agora inclui 100 mil aplicativos para Windows 8 e Windows RT. A loja de apps da Microsoft ultrapassou a marca após oito meses do lançamento dos sistemas operacionais – bem mais rápido que o desempenho da Apple e do Google em suas respectivas app stores para chegar a esse volume de software.

O marco parece ser um triunfo para a Microsoft. Apesar disso, a companhia demorou a abraçar a mobilidade, e muito mudou desde o início desse mercado. Os 100 mil aplicativos são uma vitória, mas apenas na fase de classificação.

A Apple demorou mais de um ano para chegar a esse índice, o Android ainda mais. O problema é que a Microsoft permitiu a ambas as plataformas largar muito à frente nesse cenário, e ambas conseguiram criar um bom modelo de receita. O iOS hoje possui 850 mil softwares, incluindo 350 mil otimizados para iPads, e o Android possui números similares. Ainda assim, comparativamente, o Windows 8 tem o melhor incentivo de software, com capacidade de rodar em processadores x86 e em hardwares modernos. Sua capacidade, contudo, produziu apenas melhoras incrementais na participação de mercado.

A conquista da Microsoft precisa ser medida em um novo contexto. Os padrões são muito mais difíceis de serem batidos. Há muitas opções para usuários e companhias, e a tendência do BYOD (traga seu próprio dispositivo, na sigla em inglês) traz muita influência da escolha pessoal na hora de abraçar um sistema pessoal. A questão não é simplesmente se a Microsoft conseguirá tirar a vantagem na corrida dos apps, mas também como ela irá responder aos milhões de usuários que ainda não foram convencidos por sua plataforma.

No quesito se o Windows 8 conseguirá sobreviver, seu progresso tem sido inconstante. O site MetroScore Scanner divulga que depois do lançamento do W8, assinaturas de aplicativos caíram até fevereiro deste ano. Desde então, a atividade parece ter ganhado fôlego. A Microsoft oferece US$ 100 em bônus para desenvolvedores de novos apps, e seu modelo de monetização prevê 80% ao criador dos softwares – bem superior à concorrência. Esses esforços, sem dúvida, contribuíram para o que foi alcançado até aqui.

Na semana passada, a Microsoft usou sua conferência Build, para desenvolvedores, como palco do lançamento de uma versão prévia do Windows 8.1, uma atualização na qual a fabricante acredita que irá ajudar na interface de tiles usada no sistema. Depois disso, junho foi o melhor mês para Windows Store até agora, segundo o MetroStore Scanner, com 640 novos aplicativos diários.

Isso é só um pedaço da história.

Quanto à dominância da Microsoft entre os desktops, a Microsoft ainda é líder isolada. As versões do Windows somadas respondem por 91% do mercado. A Windows Store para PCs, eventual destino para apps a computadores de mesa, desbanca fácil a Mac App Store para OS X.

A questão é que os tablets são outro universo. O número de aplicativos tem crescido e a Microsoft assegurou parceiros de peso, incluindo o Facebook. A taxa de qualidade-quantidade, depois disso tudo, ainda é algo a ser batido. Claro, verdade que 100 mil é um grande número, mais até que algo além disso atraia os usuários, celebrar a marca é prematuro.

O Android e o iOS cultivaram uma base de usuários engajados. As pessoas usam tablets não apenas para lazer, mas também para o trabalho. O Windows ainda é o melhor sistema corporativo, mas se a Microsoft não começar a pensar a estender seu software móvel, corre risco de perder para soluções mais atraentes.