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Se as máquinas falassem

Conceito de Internet das Coisas emergiu em meados dos anos 80 para ilustrar um futuro onde tudo se comunica. Hoje, representa uma janela de oportunidade ao mercado corporativo

Quando surgiu, em meados dos anos 80, a comunicação entre máquinas era vista como coisa do futuro, tratada em filmes como Blade Runner (1982) ou De Volta para o Futuro II (1989). Quem não se lembra da roupa automatizada de Marty McFly, dos carros voadores ou até mesmo dos garçons holográficos que atendiam no bar visitado pelo personagem em 2015? Embora intangível na época, nascia ali o conceito de internet das coisas e, também a ideia da comunicação entre máquinas, ou Machine to Machine (M2M). Ali havia um simples exercício de futurologia, mas o que não se previa era que a revolução estava prestes a explodir e, em poucas décadas, o impacto da internet seria tremendo não só na vida cotidiana como também na corporativa.

Hoje, a internet das coisas promove mais que uma mudança de paradigma. Em linhas gerais, representa a integração e a interação de pessoas e objetos físicos e virtuais por meio de uma conexão de internet. O uso de tecnologias de rastreamento, identificação e troca de informações fará, por exemplo, com que esse novo padrão de comunicação seja capaz de gerar uma avalanche de dados que ficará armazenado e disponível ao mundo físico no chamado Big Data. Em um futuro próximo, uma imensa quantidade de informações sobre temperatura, trânsito, consumo de energia, localização, entre outras, será enviada periodicamente por todos os carros, medidores elétricos, torradeiras e celulares para a internet. A IMS Research estimou que, em 2020, haverá cerca de 22 bilhões de sistemas embarcados e outros dispositivos portáteis conectados à web que produzirão mais de 2,5 quintilhões de bytes de dados novos a cada dia.

Para o professor chefe do curso de Tecnologia na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e CEO da Questera Consulting, Raul Colcher, estamos assistindo ao despertar de mais uma nova e importante onda em que a evolução e o amadurecimento da microeletrônica, informática e telecomunicações estão prestes a viabilizar a interconexão de todos os tipos de dispositivos, incluindo sensores e atuadores, eletrodomésticos, dispositivos de automação industrial e robótica. “A convergência e a integração dessas ondas tecnológicas permitirão a criação de um ambiente completamente novo, em que as possibilidades de negócios, lazer e entretenimento, acesso à informação, aumento de eficiência dos governos e macros sistemas públicos serão dramaticamente amplificadas, tornando obsoleta a realidade tecnológica a que nem tivemos a chance de nos acostumar”, explica.

Esse novo ambiente de negócios, segundo a Cisco Systems, permitirá que, ao melhorar as operações e o atendimento ao cliente, empresas do setor privado gerem, pelo menos, US$ 613 bilhões em lucros globais ainda neste ano. A pesquisa de índice de valor da IoE (sigal para internet de todas as coisas, como a empresa se refere ao conceito) foi feita com 7,5 mil empresas mundiais e líderes de TI em 12 países, entre eles o Brasil. Pelo levantamento, os Estados Unidos, a China e a Alemanha devem obter o maior valor em 2013. Nesse ranking, o Brasil está em 10º lugar. O estudo concluiu também que as empresas poderiam obter US$ 544 bilhões adicionais por meio da adoção de práticas de negócios, abordagem de clientes e tecnologias que aproveitassem a conexão irrestrita.

Na prática

Usando inicialmente códigos de barras e radiofrequência, a comunicação M2M sem intervenção manual ajudou muitos negócios de distribuição e logística a ganhar eficiência, reduzir custos e riscos. Hoje, com a evolução de sensores poderosos e inteligentes conectados diretamente à internet, com o uso de câmeras móveis e redes sem fio de alta velocidade e o espaço de endereçamento virtualmente infinito, a inteligência de aplicações de negócios contribui para uma ampla gama de novas oportunidades. Do ponto de vista de TI, além de potenciais usuárias, as empresas de tecnologia serão responsáveis pelos software que rodarão nessas máquinas. Além da eficiência da operação, esses programas devem fazer com que as máquinas cooperem entre si quando necessário e, sobretudo, garantam a privacidade das pessoas. Assim, o mercado de internet das coisas será muito interessante para as micro e pequenas empresas, que vislumbrarão um novo território de desenvolvimento e adaptação de software conforme a cultura de cada país, suas particularidades econômicas e de legislações.

Embora ainda esteja limitada a aplicações para o setor público (transporte, segurança e monitoramento ambiental), a internet das coisas emerge aos poucos para o mundo corporativo. Colcher, da FGV, aponta que as possibilidades no universo empresarial são infinitas. “Na indústria, certamente haverá um grande dinamismo das aplicações de integração da retaguarda (ERP) com o chão de fábrica, na logística, na criação de cadeias de valor integradas com o varejo, alcançando o consumidor final com dramáticos aumentos de eficiência. No médio prazo, com o progresso, a maturação e a disseminação das impressoras tridimensionais, podemos esperar uma grande revolução de manufatura descentralizada sob demanda, destinada a mudar o paradigma da indústria. No agronegócio, as possibilidades também são grandes, com impacto potencial na mitigação de riscos climáticos e ambientais, redução de custos e aumento de rendimento de produção e melhoria de eficiência logística, na estocagem e nos processos de transporte e distribuição”.

Cezar Taurion, evangelista da IBM, entende que a internet das coisas pode funcionar em absolutamente em todos os setores. Saúde, governo (cidades inteligentes), utilities e educação são alguns deles. O Brasil, porém, está atrasado em relação a outros países na adoção do conceito e o desafio vai muito além de nossa infraestrutura inadequada. “Precisamos tornar a nossa logística eficiente. A dificuldade é que as nossas universidades ainda não estão antenadas com isso. As empresas que poderiam estar usando mais intensamente inteligência em seus objetos também não estão muito antenadas com isso”, afirma, ressaltando que a maioria dos CIOs com quem conversou acha o conceito interessante, embora ainda não faça parte da agenda para o ano que vem. “Muitos deles ainda olham para dentro das organizações. Eles têm que ser mais inovadores e olhar o custo que podem reduzir se colocarem dispositivos inteligentes. Não posso generalizar, mas muitos ainda são conservadores e isso faz com que a internet das coisas fique na área de risco e não na lista de prioridade.”

 

Preocupações do CIO

Na opinião do gerente de Pesquisa e Consultoria da IDC Brasil Anderson Figueiredo, a internet das coisas é para as empresas um grande acelerador de negócios pelo seu potencial de prover informações sobre os hábitos de consumo de sua produção. Por isso, uma das principais preocupações que o CIO deve ter é montar uma estrutura tanto de software, de hardware e de aplicativo para processamento dos dados que ele vai receber. “Além de preparar a estrutura, ele também deve se ater à segurança nas duas pontas da transmissão. Ele precisa ter certeza de que a informação trafegou de um lado ao outro sem que ninguém tenha tido acesso a ela. Não é nem em relação a proteger contra captura e sim fazer com que essa informação só ele consiga ler”, pontua, lembrando a necessidade de uma abordagem sob a ótica da aplicação e não do antivírus.

Já o professor da FGV destaca que o CIO atual emerge como viabilizador e fomentador de novas oportunidades de negócios ancoradas em tecnologia, estudando e preparando a organização para aumentar a sua produtividade, a qualidade de seus produtos e processos de negócios. “Nesse sentido, a internet das coisas, na medida em que oferece um amplo espectro de novas possibilidades, representa, ao mesmo tempo, uma oportunidade e um desafio. Os CIOs mais proativos certamente já promovem estudos específicos para suas organizações e incorporam esse novo universo de consideração em seus planejamentos estratégicos, valendo-se para isso de recursos internos, de consultorias especializadas e da academia”, afirma.

Embora ainda não seja potencialmente um alvo para os cibercriminosos, previsões mostram que haverá 50 bilhões de dispositivos móveis embarcados em todo o mundo nos próximos 20 anos, o que pode despertar a atenção dos hackers. Para Marcelo Ehalt, da Cisco, o CIO deve investir em recursos e infraestrutura correta. “No momento em que se começa a conectar as máquinas e dar mais inteligência a elas, segurança é crucial. E é uma segurança diferente do que estamos acostumados. Ela deve controlar a vulnerabilidade em todas as pontas e deve ter inteligência para tratar a informação e saber para onde levar, com o sigilo necessário”, explica.

Outro ponto de atenção para o CIO, segundo Ehalt, é a conexão do ambiente atual de TI com novas tecnologias. “Normalmente quando a empresa quer a Internet das Coisas, ela já tem um legado. É preciso que ele viabilize, atualize e visualize todos os processos para assimilar essas novas tecnologias. Quando falamos em IoE, falamos em quatro pilares: pessoas, dados coletados, coisas conectadas e processos. Você tem que ter os processos definidos para poder fazer com que haja a conexão de pessoa com pessoa, pessoa com máquina e máquina com máquina”, alerta.





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