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O futuro chegou (de novo)

Quando o avanço da tecnologia nos força a perceber que os tempos estão mudando...

O Dragan Flyer X4-ES

O Dragan Flyer X4-ES

Sabe aquela sensação de que “o futuro chegou”? Todos nós a sentimos uma vez ou outra (os mais velhos, muitas vezes e muitas outras), geralmente diante de uma evolução tecnológica.

O que a torna mais fascinante é que ela não nos vem à mente quando tomamos conhecimento da inovação e especulamos sobre suas potencialidades ou como seu advento pode mudar nossa vida. Porque, presumo eu, “potencialidades” e “pode mudar” são coisas subjetivas, são possibilidades, são abstrações. Pensa-se um pouco sobre elas e depois o pensamento se desvia para outra coisa e seguimos adiante.

A sensação de que o futuro chegou provocada por uma inovação tecnológica nos assalta quando nos vemos diante de um fato ou acontecimento que mostra o alcance efetivo daquela tecnologia usada em um episódio real.

Há um exemplo (que não me canso de citar e que, portanto, meus poucos – mas fiéis – leitores habituais talvez já conheçam) que ilustra perfeitamente o que quero dizer (e que, por isso, me arriscarei a repeti-lo). O causo passou-se com um telefone celular, um aparelho que apareceu entre nós no final do século passado e logo se disseminou, assumindo rapidamente a categoria de “indispensável”. E todos passamos a usá-lo, a maioria de nós sem nos darmos conta do verdadeiro papel que aquele pequeno aparelho viria a representar em nossas vidas. Inclusive eu, que o usava habitualmente desde o lançamento como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

Pois bem: naquela época meu filho vivia no exterior e estava muito preocupado com uma cirurgia delicada a que sua mãe seria submetida. O trabalho não lhe permitia vir ao Brasil para confortá-la com sua presença e por isto mesmo ele estava ávido por informações. No dia aprazado eu me postei em frente à porta do Centro Cirúrgico. Finda a cirurgia, saem a paciente, ainda se recuperando da anestesia, e o cirurgião. Falei com ambos e me assegurei que ela se sentia bem e que a cirurgia tinha transcorrido sem percalços, estava tudo bem e a recuperação seria rápida. Saquei, então, meu telefone celular (ainda analógico, vejam vocês), liguei para o do meu filho que naquele momento estava em seu carro se deslocando para o trabalho e lhe dei as boas novas, deixando-o tranquilo.

Pois foi ao guardar o telefone, satisfeito por haver removido o peso daquela preocupação dos ombros de meu filho, e pensar na dificuldade que teria para me comunicar com ele usando telefones fixos e no tempo que isto iria consumir (já havia DDI, mas eu teria que me deslocar até minha casa ou outro lugar de onde pudesse fazer uma ligação internacional, esperar meu filho chegar ao trabalho e somente então lhe informar que a mãe passava bem) que me dei conta de que, com os telefones celulares, o futuro havia chegado (eu poderia me referir à sensação equivalente que senti ao presenciar o lançamento dos primeiros televisores, ainda em preto e branco, nos anos cinquenta do século passado, mas neste caso vocês descobririam que já sou septuagenário, fato inconveniente para quem se meteu a escrever sobre tecnologia de ponta, portanto vou guardar minha idade em segredo, como convém).

Pois bem: ainda há pouco, lendo uma notícia sobre o uso de um “drone” no salvamento de uma vítima de acidente de carro no Canadá, novamente me dei conta da chegada do futuro.

Não sabe o que é “drone”? Destrinchemo-lo. A tradução mais simples do termo seria “robô”, mas esta me parece demasiadamente genérica. Algo mais específico seria “robô voador”, ou UAV, de “Unmanned Aerial Vehicle”, em português “veículo aéreo não tripulado”. E, não, o vocábulo não é um acrônimo ou algo parecido. Pelo contrário, é uma palavra cujas origens se perdem lá pelo século XVI e que, portanto, não foi cunhada para designar estes veículos. “Drone”, em inglês, também significa “zangão”, o espécime macho das abelhas.

Segundo o sítio britânico “Drone Wars UK”, “drones” são “aeronaves, seja controladas remotamente por “pilotos” que permanecem no solo ou, como está se tornando mais comum, capazes de cumprir com autonomia uma missão pré-programada”. E prossegue: “Embora existam dúzias de tipos diferentes de ‘drones’, eles basicamente se classificam em duas categorias: os que são usados para reconhecimento e vigilância e os que são armados com mísseis e bombas”.

O mais conhecido tipo de “drone” é o “Predator”, que tem sido usado com frequência pelos EUA para bombardear alvos no Oriente Médio. Mas o personagem de nossa história é do outro tipo. Para ser exato, é um Dragan Flyer X4-ES equipado com uma câmara de vídeo frontal sensível ao infravermelho, um veículo exatamente do mesmo tipo daquele que foi usado para localizar o suspeito do atentado à bomba na Maratona de Boston escondido em uma embarcação e cuja imagem é usada para ilustrar esta coluna.

O causo, ocorrido semana passada, foi o seguinte: vinte minutos depois da meia noite de 8/05 a Real Polícia Montada do Canadá foi informada sobre o capotamento de um automóvel próximo à cidade de St. Denis, na província de Saskatchewan.

Saskatchewan fica ao sul do Canadá, espremida entre Alberta e Manitoba. Estamos nos aproximando do inverno e, como sabem todos, no Canadá faz um frio de cão mesmo no verão. Segundo relatos da Polícia Montada, “as temperaturas no local estavam próximas do congelamento”. Portanto prestar socorro às eventuais vítimas era urgente e membros dos serviços de salvamento acorreram imediatamente ao local. E, embora o exame do veículo indicasse que havia pelo menos uma pessoa à bordo, lá não encontraram ninguém (isto é um excerto do relatório policial, portanto não reclamem comigo: sei que não é preciso ser uma mente superior nem chamar a equipe de peritos do CSI-NY para concluir que em um carro capotado “havia pelo menos uma pessoa”, mas deixemos este ponto de lado).

Os socorristas estenderam a busca em um círculo de duzentos metros de raio e, ainda assim, a vítima não foi encontrada. Relataram então o fato aos superiores que por sua vez solicitaram a ajuda do STARS, um serviço aéreo da ambulâncias, que prontamente enviou ao local um helicóptero equipado com câmaras de vídeo sensíveis ao infravermelho. O helicóptero ampliou o raio da busca até um círculo de um quilômetro, mas também nada encontrou.

Nesta altura dos acontecimentos as autoridades locais entraram em contato com Doug Green, um membro da equipe de peritos forenses que tinha sob sua responsabilidade o Dragan Flyer X4-ES e solicitaram sua colaboração.

Afortunadamente, cerca de uma hora depois do acidente, a própria vítima conseguiu ligar de seu celular para o famoso telefone 911 adotado em alguns países para acionar o serviço de emergências. Informou que sentia muito frio, que havia saído em busca de socorro mas se perdera, não tinha a menor ideia de onde estava e nem conseguia divisar qualquer ponto de referência, vestia apenas calças e camiseta e havia perdido os sapatos no acidente. Uma situação longe de animadora.

Mas seja como for, este telefonema e o “drone” salvaram sua vida.

As autoridades imediatamente entraram em contato com a prestadora local de serviços de telefonia móvel que, através de uma operação de triangulação entre suas torres, forneceu as coordenadas aproximadas do local de onde o telefonema foi dado, a cerca de 3,2 km (duas milhas) do local do acidente. O GPS do “drone” foi imediatamente ajustado para aquelas coordenadas e para lá se dirigiu, enquanto dois socorristas da equipe de terra também se encaminharam para o local – mas, considerando-se que a esta altura ainda eram três horas de uma escura madrugada invernal, sem ajuda eles pouco poderiam fazer.

E foi então que o futuro chegou.

Veja, neste vídeo, as imagens geradas pela câmara infravermelho do “drone” enquanto ele localiza a vítima e encontra os dois socorristas em suas imediações, permitindo assim que seu operador, em terra e fornecendo instruções por rádio, os encaminhe até a vítima para que possam socorrê-la.

Segundo o relatório emitido pela Real Polícia Montada do Canadá sobre o salvamento, a vítima foi encontrada inerte, em posição fetal, abrigada sob uma árvore e próximo a um banco de neve, a duzentos metros do ponto de onde suas coordenadas foram obtidas. Foi imediatamente transportada para a ambulância e encaminhada ao hospital.

E, acrescenta o relatório: “Sem o veículo aéreo não tripulado [drone] com sua câmara frontal infravermelho os socorristas não teriam condições de localizar a vítima antes que o dia amanhecesse”.

Vocês não concordam que tal acontecimento – salvar uma vida com a ajuda de um “drone” com câmara infravermelha sem o concurso do qual o salvamento seria impossível – é daqueles que nos dão a sensação que “o futuro chegou”?

Pena que pertencemos a uma espécie tão predatória que o número de vidas que os “drones” ajudam a salvar é tão insignificante quando comparado ao número de mortes que eles ajudam a causar…

Mas isto é da natureza daquela cruel mutação do “Homo sapiens sapiens”, os cada vez mais abundantes “Cerumano stupidus stupidus”…

B. Piropo





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